Os poetas estão dentro dos poetas
e os poemas estão dentro dos poemas
desde agora
desde sempre.
Eu estou dentro dos poetas do passado
e do porvir
enovelado e perdido
nas mesmas ideias
esperanças
e temores que hoje tenho
e terrores que hão-de vir.
Por isso nem a Safo
nem o Píndaro
nem Vergílio de seu nome,
-me lembrei agora-
nem D. Dinis
nem Bernardim Ribeiro
o poeta da Menina e Moça
-mesmo que, aparentemente
escrito -o livro- em prosa-.
Nem Gil Vicente
nem Camões
nem Shakespeare
nem Rilke
nem Wordsworth
-quando é que eu hei-de aprender estas palavras
que têm mais letras que não rimam do que ideias,
sem o mínimo desprezo pelas enormes ideias que contêm,
ideias que não cabem dentro delas
nem deles
nem de mim....
Nem o Pessoa
ou o Chinês
que com tanto mistério,
- segredo,
lá do fundo -
se exprimiu
e a Japoneza que lhe era igual, bem...
ainda que escrevendo simplesmente
nos dois sentidos que a palavra tem.
E o Indiano
o Índio
e o Mongol...
Nem Craveirinha
ou Grabato
e todos os outros, nem...
-sempre os melhores me esquecem
sempre os melhores não sei-
-Mas melhores do que quê?
Mas melhores do que quem?-
Nenhum deles,
meus irmãos,
era melhor do que eu sou
nem será melhor
do que eu
hei-de ser,
porque, enfim...
eram eu
e eu sou eles
e serei
assim...assim
assim assim.
Geraldes de Carvalho
De 21 poemas de muito amor e quase nenhuma circunstância, meu amigo Grabato !
2 comentários:
G.
Lindo, pra variar!
Saudações daqui do meu lugar!
Com trilha sonora, claro!
Beijuca
"os poetas estão dentro dos poetas, os poemas estão dentro dos poemas". lindo.
Parabéns pela noite de domingo!
bisou,
Ana
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