sábado, novembro 10, 2007

Eu sou,ai eu sou...(IV)



Eu sou um navio
navegando frio
só e sombrio,
neste mar, vazio
de estio e de amor.


Navego pouco
mas navego louco
mas navego mouco
ao gemido rouco
da raiva e da dor.
Navego certo
no mar inconcreto
fechado, secreto,
navego insurrecto
sem som nem vapor,
nem leme, nem vela
nem rumo, nem estrela
nem desejo dela,
navegando por...


Por ondas
por mares
por ventos
por ares
por montes altares
por vales de azares
voo, vou e sou.


Se eu fosse
se eu fosse,
se ser eu quisesse
se ser eu pudesse,
emissor remoto
de astrónomo louco,
estrela quasar,
navio do ar
ancorado em porto
que eu só conhecesse...

Geraldes de Carvalho

Do meu livrro Novos e Velhos Cantos -Évora 2006

3 comentários:

Unknown disse...

De facto, há textos... leia-se ventos novos neste blogue... É estritamente proibido não comentar... sobretudo porque "se eu fosse" não seria o que sou... embora não me importasse de ser uma estrela ou um navio no ar.
Um abraço

Xavier Zarco

Kellypocharaquel disse...

Un placer regresar a la nueva actualización.Muy hermosos textos
Parabéns Geraldo.
Abrazos y besos
Raquel Luisa Teppich

Edilson Pantoja disse...

Ah!, meu caro Geraldes...
Ando, como este navio, a navergar pouco (texto belíssimo, amigo!).
Peço desculpas pelo sumiço... Ando num daqueles torpores cujo porquê não sei bem. Agradeço demais tua atenção, que me deu ânimo!
Tão logo eu publique algo, te aviso.
Forte abraço!