terça-feira, abril 17, 2007

Assim…Assim ...3


Sempre me escondo de ti,
sempre me escondo de mim,
para que não possas ver
quanto, como te amo
assim.

Porque se visses,
se me visses
e me amasses
como eu te amo a ti,
quanto eu te amo a ti,
eu ficaria em ti
escravo em ti
senhor em ti
como tu estás em mim,
não seria mais eu,
não poderia amar-te
assim.

Não te enganes por isso
se me ouvires cantar-te
o meu amor,
se me ouvires dizer-te
como, quanto te amo
porque aquele que diz
é o que diz e canta
não o que ama.

Assim
fico livre para amar-te.
não tanto
mas mais do que te digo
eu, o que não diz
o que se esconde de ti
o que vive em si
assim, assim
assim, assim…

Geraldes de Carvalho

De 18 Poemas de muito amor e quase nenhuma circunstância

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