terça-feira, agosto 14, 2007

Como me perdi

Não suportei essa ideia 
que breve se desmoronou 
nos mil pequeninos factos
de que era feita
-e noutras mais 
pequenas coisas, 
que na ideia,
clandestinamente
se abrigaram-
e me mostrou 
como é que eu era
nem tão nobre 
nem tão belo 
como ela -a ideia-
era
ou parecia ser.
E parecia
por ser tão grande
que eu
não a podia
ver.
Dei-me a rearma-la por isso
sem os espúrios acrescentos
que ela não podia ter
nem teria.
Mas por fim
o que restou 
nem mesmo uma ideia era
mas um lixo que fedia
e afastava
quem se dela 
aproximava.

E foi assim que perdi
aquela bonita ideia
que era eu.

Aconchega-me 
por isso
minha mulher
minha amiga
minha irmã
e parente,
minha amada...

Se é que não és uma ideia
ou nada. 


geraldes de carvalho

de 25 ou 26 poemas de muito amor e muito pouca circunstância

5 comentários:

Ana M disse...

lindo esse final, Geraldes. "se é que não és uma idéia ou nada". coube tão bem em mim e no meu esperar. e será que é mito essa pessoa toda, completa, ou será que ela chega mesmo, um dia?...eu espero, ainda.
bisou

Ana M disse...

voltei. só pra dizer que é tão estranha a saudade que sinto de ti, caro. é como se eu quisesse voltar, mesmo sabendo que eu nunca fui. vie, vie...bisou

diovvani mendonça disse...

Gosto das ideias, sem telhado, sem facas, a fer�-las... gosto das ideias, expostas ao vento, germinam poemas ou no m�nimo novas ideias. ^^^Abra�o^^^, das montanhas.

Carolina disse...

Un abrazo grande, para ti, que siempre tienes una palabra amable para mi.
Besos

Edilson Pantoja disse...

Geraldes, resta saber se existem mesmo idéias (Platão afirmava que sim!). Se é que elas não são apenas "pequenas coisas clandestinas" e "espúrios atributos". Se os tiramos...
Abraço, amigo!