Não suportei essa ideia
que breve se desmoronou
nos mil pequeninos factos
de que era feita
-e noutras mais
pequenas coisas,
que na ideia,
clandestinamente
se abrigaram-
e me mostrou
como é que eu era
nem tão nobre
nem tão belo
como ela -a ideia-
era
ou parecia ser.
E parecia
por ser tão grande
que eu
não a podia
ver.
Dei-me a rearma-la por isso
sem os espúrios acrescentos
que ela não podia ter
nem teria.
Mas por fim
o que restou
nem mesmo uma ideia era
mas um lixo que fedia
e afastava
quem se dela
aproximava.
E foi assim que perdi
aquela bonita ideia
que era eu.
Aconchega-me
por isso
minha mulher
minha amiga
minha irmã
e parente,
minha amada...
Se é que não és uma ideia
ou nada.
geraldes de carvalho
de 25 ou 26 poemas de muito amor e muito pouca circunstância
5 comentários:
lindo esse final, Geraldes. "se é que não és uma idéia ou nada". coube tão bem em mim e no meu esperar. e será que é mito essa pessoa toda, completa, ou será que ela chega mesmo, um dia?...eu espero, ainda.
bisou
voltei. só pra dizer que é tão estranha a saudade que sinto de ti, caro. é como se eu quisesse voltar, mesmo sabendo que eu nunca fui. vie, vie...bisou
Gosto das ideias, sem telhado, sem facas, a fer�-las... gosto das ideias, expostas ao vento, germinam poemas ou no m�nimo novas ideias. ^^^Abra�o^^^, das montanhas.
Un abrazo grande, para ti, que siempre tienes una palabra amable para mi.
Besos
Geraldes, resta saber se existem mesmo idéias (Platão afirmava que sim!). Se é que elas não são apenas "pequenas coisas clandestinas" e "espúrios atributos". Se os tiramos...
Abraço, amigo!
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