Vou publicar aqui o 1º capítulo e parte do 2º do meu livro "O caminho" . Estes textos já tinham sido publicados mas geralmente como imagens o que tornava um pouco difícil a sua leitura Consegui agora o OCR para o meu MAC e por isso já posso publicar os textos como...textos. Apaguei as imagens mas conservei os comentários.
PRIMEIRO CAPÍTULO
Feitos de nada. para nada idos.
Revestidos de nada caminhamos
Caminhar é que é ser, em todos os sentidos;
Só andando é que estamos.
I. Caminhava e caminhava indefinidamente.
Devo dizer, em abono da verdade, que caminhava bem. É certo que ao princípio, me limitava, como os outros, a avançar sem curar de conhecer as regras e os métodos. Tal sistema, se a isto se pode chamar sistema, dava fracos resultados. Não é, evidentemente, apoiando todo o corpo sobre o solo e avançando, ao acaso, mãos e pés, procurando firmar-se ou agarrar, que conseguimos progredir. O que se consegue, às vezes, são espinhos pelo corpo e pedaços de terra nos olhos e na boca. Por isso eu costumo dizer que foi mais pelos inconvenientes de tal sistema - supondo que é permitido dar-lhe esse nome- do que pelas vantagens que o novo me oferecia, que, pouco a pouco, me decidi a abandoná-lo.
2. Mas poderei eu dizer que o abandonei?
Não será por acaso verdade que desde o princípio fiz todos os esforços para me libertar dos espinhos e da terra, esquivando como podia o corpo os olhos e a boca? Que era pois o meu novo sistema, senão uma forma aperfeiçoada do anterior? Não é certo que muito caminhei ainda ao acaso, tendo apenas o cuidado de manter acima do solo, meu corpo, meus olhos e minha boca?
3. Desde quando soube eu realmente, aonde punha as mãos e os pés? Desde quando soube que devia avançar simultaneamente a mão direita e o pé esquerdo, e que bem apoiado nos quatro membros, devia então, com um único impulso do corpo contendido, impulso que me elevava ligeiramente, inverter a posição enquanto expirava? E que devia inspirar em repouso momentâneo, relaxando o corpo e deixando os membros flectir-se até ao ponto de dar a impressão que recuava, a tomar alento para o movimento seguinte?
Desde quando?
4. Para sabê-lo, seria preciso que eu tivesse a faculdade de parar para pensar ou pudesse olhar para trás. Nada disso me era permitido nem o desejava. Sabia, e bastava-me, que caminhava e caminhava bem. Embora não me pudesse ver, sentia que o meu corpo avançava ondulando ritmicamente, e a graciosidade deste movimento de modo algum me deixava indiferente; enchia-me de orgulho. Por vezes dava por mim a lamentar que não tivesse cauda; percorri longas distâncias imaginando como coordenaria então os movimentos; via-a caída no momento do salto, inclinada à esquerda quando o pé direito estivesse recuado e vice-versa. Percorri longas distâncias enlevado no pensamento inconsentido deste secreto desejo.
5. Pois em que poderia eu pensar? Empregava todo o corpo aproveitando ao máximo a capacidade de cada uma das partes; como aspirar a qualquer aperfeiçoamento senão imaginando-me diferente e mais complexo?
6. Entretanto avançava, e posso dizer que avançava rapidamente. Não que eu perdesse o
meu tempo a procurar um ponto de referência na monotonia do caminho, mas bem via como os outros ficavam para trás, arrastando-se miseravelmente na terra e nos espinhos. Poderei descrever a alegria que me dava a constatação deste facto? Oh ! Como eu ia ligeiro e leve, deixando a perder de vista os que comigo haviam partido, e ultrapassando facilmente os que tinham saído mais cedo e mais cedo! ...
7. Deverei deter-me agora para contar como evitava tocá-los pois me produziam uma sensação de indizível repugnância'? E deverei dizer que nem sempre me era fácil deixar de passar por cima daqueles que mais directamente encontrava no meu caminho'? Não, não creio que tal relato possa despertar o mínimo interesse.
8. Talvez que se a meu lado alguém caminhasse como eu, ligeiro e leve, me sentisse tentado a estender-lhe amigavelmente um membro, ou talvez não. Muitas vezes me tinha feito esta pergunta:
Caminho só porque caminho assim, ou caminho assim, porque caminho só ?
9. Mentiria se dissesse que procurava resposta para esta ou qualquer outra das minhas muitas
interrogações.
Por exemplo:
Não seria certamente descabido que eu dissesse agora para onde caminhava; mas como, se eu próprio o não sabia? No entanto eu tinha uma boa razão para prosseguir por ali: Olhai a gota de água numa corrente caudalosa; será possível vê-la correr para montante ou mesmo imaginar-lhe semelhante desejo?
10. Não admira pois que eu não procurasse resposta para as minhas interrogações, e que estas fossem apenas uma espécie de jogo, com que procurava distrair-me de obsessões como
o desejo da cauda.
11. Mas poderão evitar-se as respostas quando se encontram atravessadas no nosso caminho? É preciso, porém, não exagerar. Poderá chamar-se realmente uma resposta àquilo que como tal se considerou, ainda que durante muito tempo? Poderei eu mesmo falar em respostas, se sempre caminhei ? - Esta é a verdade, diga eu o que disser, venha eu a dizer o que vier.
12. Mas vale mais que eu conte de uma vez o
que vi ou aonde cheguei e não fique aqui, como quem diz, às voltas sobre uma coisa de nada, atitude inconveniente, por certo, para quem como eu caminhava realmente numa direcção bem definida.
13. Antes porém, gostaria ainda de fazer uma pergunta: Será que poderei dizer que cheguei àquela cidade, ou mesmo que era uma cidade, só porque em determinado momento me dei conta de que os outros iam e vinham e se juntavam e dispersavam para se reagrupar de novo em grupos que ora se fraccionavam ora se fundiam para novamente se dispersar'? E outra: não estarei eu com palavras, procurando esconder o que quero dizer, o que devo dizer, o que não posso calar, o que realmente é importante, o que aconteceu de facto; enfim não estarei propositadamente a retardar, a protelar o momento em que terei de e serei obrigado a, sob pena de não poder prosseguir, revelar que estas pessoas avançavam mas avançavam mais lestas, mais gráceis, mais elegantes e mais ligeiras e leves do que eu ? Como poderia humilhar-me tanto, que dissesse sem rodeios, que aquela gente inconcebível conseguia caminhar assim, utilizando apenas os pés e reservando as mãos para conseguir uma série de efeitos surpreendentes e outras mirabolantes distracções. Oh ! Como os invejei e como os amei, porque me pareciam grandes e belos e porque iam depressa! Não que me tivesse imediatamente apercebido que o defeito estava na maneira de caminhar, não; procurei até aperfeiçoá-la; consegui músculos mais tensos, inspirações mais profundas, movimentos mais alongados, corpo mais maleável; mas logo reparei que tudo o que se passava ali, àquela altura do solo, estava praticamente fora do alcance de visão dos habitantes da cidade. Enquanto eu saltava e cabriolava no ar, eles passavam ao meu lado, à minha frente, sobre mim, longe de mim.
SEGUNDO CAPÍTULO
Alegro-me porque poderei agora vingar-me da humilhação relatada na última parte do pequeno capítulo anterior, contando como consegui pôr-me de pé:
1. Aconteceu que por acinte ou acaso alguém passou verdadeiramente junto de mim. Ferrei-lhe os dentes; Tentou sacudir-me batendo nervosamente com a perna enquanto caminhava, mas não o larguei. Parecia não me dar muita atenção. De quando em vez batia com mais força a perna no chão, e eu segurava-me. Numa segunda investida lancei-lhe as mãos. Desta vez, com os movimentos mais presos, parou para considerar; agarrei-o melhor. Pareceu decidido a livrar-se definitivamente de mim - tê-lo-ia conseguido pois dificilmente me equilibrava naquela crítica posição - desistiu porém deste intento e, inexplicavelmente, agarrou-me pelos cabelos e pôs-me de pé. Beijei-lhe as mãos.
2. Continuámos juntos.
3. Pouco a pouco adquiri maior segurança quer em manter o equilíbrio, quer na maneira de pisar. Constatei então que até ali andara errado - conquanto no único caminho, permita-se-me este pequeno paradoxo. A sabedoria não estava em aproveitar ao máximo as possibilidades de cada uma das partes do corpo e concentrá-las num esforço comum, mas em dar a cada uma o seu emprego mais adequado: as pernas e os pés para andar, as mãos para agarrar, e a espinha dorsal para dobrar usando todas as imensas virtualidades da sua maravilhosa articulação.
4. Tanto me aperfeiçoei que não tardei a verificar que não era já eu que me apoiava ao meu companheiro, mas ele que se apoiava em mim. Sendo assim era evidente que eu estava a avançar menos do que as minhas possibilidades me permitiam. Sacudi-o com facilidade.
5. Entretanto cheguei a uma das praças da cidade. Ali fiz um discurso, um discurso histórico ou mais precisamente, da história da minha vida. Comecei: Caminhava e caminhava indefinidamente - uma frase de lindo efeito - e continuei por ali adiante, omitindo apenas alguns pormenores de somenos importância.
6. Ninguém me ouviu como é costume, mas depois dos aplausos um velhinho aproximou-se e disse: Não tem razão, ao que respondi:
Evidentemente que não tenho, espero não ter afirmado o contrário. E ele: Alegra-me que saiba reconhecer um bom argumento. E assim nos tornamos amigos. Disse-me que tinha uma filha encantadora e convidou-me a conhecê-la.
7. Acompanhei-o a casa. Não quero faltar à verdade dizendo que fui com ele, e a própria palavra acompanhar necessitaria uma árdua exploração. Ainda julguei que talvez pudesse dizer que o segui, mas logo vi quanto andaria longe da verdade; pior seria se dissesse que fui seguido por ele. Bem, tudo se resume a pouco mais do que termos partido e chegado ao mesmo tempo, com breves e ocasionais contactos pelo caminho que ele aproveitava para me impingir, por sua vez, o seu discurso. Isto não significa que eu não tivesse tentado regular o meu passo pelo dele, observando-lhe minuciosamente todos os movimentos:
8. Avançava com passo miudinho e levantava o
pé preso ao que me parecia de preguiça tão irremediável, que era para suspeitar que não chegasse a pousá-lo, o que distraindo-me, me impedia de ver como o pousava realmente. Iludido por este pormenor, não admira que retraído, me deixasse ficar para trás ou que
reagindo, em vez de agir como devia, me lançasse numa cega perseguição ultrapassando-o sem vontade nem remédio. Mas o pior ainda é que como não sabia o caminho era então obrigado a parar, o que significava perder toda a vantagem adquirida e permitir-lhe que, alcançando-me, me despejasse nos ouvidos um parágrafo inteiro da sua oração.
9. E repetia-se este processo de retracção, reacção e paragem, enquanto me esforçava por surpreender o momento decisivo, em que ele pousava o pé, e assim desvendar o segredo daquela forma de caminhar. No entanto era bem claro que jamais o conseguiria enquanto não acreditasse que tal momento ocorria realmente. Que cegada !
10. À falta de melhor, dei-me a elaborar uma hipótese:
Creio já ter dado a entender que no difícil processo de caminhar, sempre cercara de especial cuidado e ponderação o acto de pousar os pés - ou as mãos -. Atira-se um membro para o ar sem medo e com alegria, mas é sempre mais difícil recolocá-lo no chão. Como poderemos saber o que iremos encontrar debaixo? Os perigos disfarçam-se sob a poeira do caminho e alguém que pisemos é bem capaz de nos ferrar à traição e sem dó, numa perna, os dentes agressivos. Jamais os que são sempre calcados se resignam à sua natural condição e uma vez ou outra, há um que nos faz lamentar amargamente qualquer descuido.
Tal pois foi a hipótese que a respeito do andar do velho elaborei: Por qualquer estranha razão ele pisava sem temor, como se estivesse seguro de ter o caminho limpo de obstáculos. E tal foi
o que cheguei a descobrir, confirmando a minha suspeita: Que servos devidamente ferrados o precediam por onde quer que fosse, reduzindo todo o caminho, ao mesmo pó uniforme e macio que ele gostava de pisar. Gostei daquela sabida técnica e eu mesmo a vim a aplicar, oportunamente, com assinalado êxito.
11. Enquanto pensava nisto e naquilo o velhinho estacou e eu, que iniciara então uma vigorosa perseguição, parei também, mas, é claro, não a tempo de ficar junto dele. Voltei-me surpreendido para saber que força poderia assim ter detido quem caminhava com tanta - diria bem, tão sábia - determinação. A causa de tamanho efeito era uma personagem aparecida.
12. Não perderei, por ora, tempo a descrevê-la. Gosto de descrever as pessoas pela forma como caminham - e julgo desnecessário explicar o porquê ? - e, por enquanto, sobre aquela forma de caminhar, tinha só uma indirecta indicação: não a pressentira chegar. Se vim depois a saber o motivo, não deverei revelá-lo agora para não ser acusado de usar precipitar-me sobre os meus próprios passos, defeito grave para quem, concretamente, pretenda avançar.
13. Recuei - que não se tome demasiado à letra esta palavra - a tempo de assistir a uma representação interessante : o velho estacara, mas ou fosse pela posição do corpo ou pela subcutânea palpitação muscular, adivinhava-se que continuava preso - como direi ? - por um fio, ao movimento.
14. Outro tanto acontecia com ela, a quem um impulso contido parecia dever arrastar dali para muito longe, de um momento para outro. Todavia nenhum deles conseguia avançar, porque animados de energia contrária na direcção, mutuamente se anulavam os efeitos; ou seja em termos mais correctos: cada um puxava para seu lado. Mas inadvertidos como estavam do equilíbrio das respectivas forças, nela por serem mais violentas e nele porque mais eficazmente comandadas, ambos se esforçavam por arrastar o outro consigo - o que não era senão uma forma de evitar ser arrastado - dando-se mútuas marradinhas na cabeça que procuravam, suponho, provocar-se pequenas libertações de energia ou uma espécie de relaxamento nervoso e assim, mais pela persuasão do que pela violência declarada, enfraquecer-se.
15. Esta técnica favorecia visivelmente o meu velhinho, a quem a perda de energia não afectava, excepto se viesse a descer abaixo do ponto crítico em que se tornasse inoperante qualquer utilização, por mais criteriosa que fosse.
16. Perante o momentâneo impasse é que eu intervim, a convite do velho, e com um subtil toque da minha mão na dela, decidi o prélio a nosso favor -o meu, o do leitor e o do velhinho
17. Passou então a gravitar à nossa volta como um satélite, o que é uma forma de dizer não muito distante da verdade. Mas o seu peso - dela - contrabalançando a minha indisciplinada energia, permitia-me agora acompanhá-los com satisfatória facilidade. E foi assim que chegámos, por milagre juntos, a casa deles, e ali nos dispersámos, pouco, por aqui e por ali.
18. Seria talvez agora altura de descrevê-la, porque já devia ter do seu andar alguma observação. Mas não tinha. Embora lhe sentisse muito impressivamente a constante presença, por alguma difícil razão, só vagamente a via. Matutando sobre o caso acabei por concluir que o que ma encobria era a própria proximidade. Eu explico: a força da sua atracção obrigava-me a reproduzir-lhe quase textualmente os movimentos e assim nunca me encontrava bastante distanciado para poder apreendê-la completamente. Aí está! Não obstante eram-me bem visíveis certas particularidades, o que, claro, pouco adianta para quem deseja saber sobre a forma de caminhar.
19. É certo que eu poderia subtrair-me-lhe voltando-lhe as costas. Mas pouco tempo permaneceria nessa posição, fosse pela instante necessidade de completar a observação das particularidades vistas ou, porque não confessá-lo?, pela atracção que aquela atracção sobre mim exercia.
20. Foi assim que me encontrei a executar uma série de movimentos incontroláveis, mas caracterizados pela riqueza rítmica de uma variada simetria, resultado simples, como vim a saber, de sermos dois a executá-los, sem que eu, então, disso me apercebesse.
21. O que com ela se passava de semelhante era diferente porque não movida por qualquer acção que sobre ela se exercesse mas por uma vontade má de exercê-la e uma secreta consciência de que só poderia consegui-lo se me mantivesse na ignorância dos seus processos; é simples! Por isso se me voltava e me afastava, se voltava e se afastava sabendo que não tardaria a segui-la para que me fugisse e me apanhasse.
22. Entretido como estava neste minucioso jogo, nem me apercebi de como os nossos movimentos se repetiam em ritmo que gradual e perigosamente se acelerava ...
23. Seria necessário que eu repetisse agora a descrição dos movimentos que melhor exprimem esta fase das nossas relações, para dar delas uma ideia mais perfeita, e voltasse a repetir antes de continuar. Veremos se aconselharei ao editor uma cópia e recopia sucessivas deste trecho da minha caminhada. Entretanto, antes que o termine, convém dizer que nem por um momento deixei de prosseguir - faço questão em insistir neste ponto. Fui até levado a assistir à lição pública de ginástica.
24. Começava na posição de pé concentrado e quieto alguns instantes compridos; a um sinal do instrutor avançávamos a perna esquerda ligeiramente (I." tempo); depois recuávamos a perna direita assentando apenas o bico do pé e nessa posição flectíamos ambas as pernas até ficar com o joelho direito assente no chão (2." tempo); por fim, num só movimento, o mais difícil, colocávamos o joelho esquerdo ao lado do direito (3." tempo), tendo o maior cuidado em não levar as mãos ao chão o que comprometeria a nobreza do exercício. Devíamos permanecer a maior parte do tempo nessa posição, mas o exercício repetia-se quatro ou cinco vezes. A instrutora - instrutora tanto quanto as vestes amplas permitiam distinguir - dirigia o exercício por gestos e palavras que só uma meia dúzia de privilegiados entendia; os outros limitavam-se a imitá-los. Simultaneamente ia comendo e bebendo, para poupar tempo, suponho. Era bastante frugal conquanto abastada a avaliar pela sumptuosidade da baixela a qual devia ter herdado dos antepassados, pois era de fino lavor como se costuma dizer.
25. A lição de ginástica permitiu-me conhecer muitas pessoas e fazer bons negócios. Aproveitava também os assistentes para ouvintes dos meus discursos, ou antes do discurso que eu teimava em repetir e aperfeiçoar e burilar tendo conseguido obter uma agradável variedade pela maneira como começava. ora no princípio, ora no meio da narrativa e mesmo no fim, fazendo múltiplas regressões ou adiantando-me de propósito à sequência dos factos para me permitir regressar de novo. Obtinha assim uma dicção rítmica e ondulante que me recordava o tempo em que trotava alegre e só, pelo caminho que ali me tinha trazido.
26. Tão rico de ensinamentos sobre a forma de caminhar, remédio para todas as aflições, solução para todos os problemas, o discurso guindou-me rapidamente ao primeiro lugar entre os meus concidadãos. Só eu tinha agora o privilégio e o direito de discursar na praça principal!
27. Este privilégio, criava-me no entanto alguns deveres que eu cumpria, digamos para não fugir à regra, gostosamente. Entre todos, a minha predilecção ia para as visitas de cortesia. E não irei adiante sem me referir muito secretamente à que fiz ao secreto Instituto de Pesquisas Científicas :